Abubacar Demba Dahaba, anunciou dia 17 de Novembro, em Buba (Quinará) de que é candidato ao cargo de Secretário Nacional do Partido. Candidato de Unidade e Coesão Interna, Demba Dahaba, constitui o único entre os candidatos que tem insistido na revisão dos Estatutos para claramente se definir a separação de poderes entre o Presidente e o Secretário Nacional. Em Buba, o líder do Projecto G7 reafirmou a sua determinação de ser um dirigente que vai prestar as contas ao partido e ao país, mas advertiu que tal passa necessariamente pela separação de poderes. Caso contrário, se persistir essa situação de centralização, de igual modo, o PAIGC continuará na desorganização, mas sobretudo com homens poderosos como tem sido até aqui.

Na presença dos seus apoiantes e populares das regiões de Quinará e Tombali, Demba Dahaba reafirmou ser defensor da separação dos poderes no PAIGC (Presidente do partido e um Secretário Nacional), porque assim se pode “prestar contas ao partido e ao parlamento, quando se trata de assuntos da governação. Dahaba defende a revisão inevitável dos Estatutos neste Congresso, porque os actuais, são deficientes e provocam conflitos antagónicos. “Não podemos dizer que temos diferentes órgãos. Esses órgãos acabam por não fazer nada, porque são presididos pela mesma pessoa”, referiu.

A cidade de Buba recebeu o anunciado candidato ao cargo de Secretário Nacional Dahaba num ambiente de festa total. Pouco sol, os chuviscos que faziam sentir em Buba foram para alguns considerado de bênção de um salvador do partido, militantes, combatentes de liberdade da pátria e dos guineenses em geral. Ao som de instrumentos tradicionais, tambores e animações dos músicos modernos, Demba Dahaba foi logo interceptado pelos jornalistas e disse logo, que a sua candidatura visa apenas salvar o partido. No palco montado para animação, se podia ouvir entre outros “Daba firma pabia combatentes precisa di bó”; “Dahaba organizanu partido pa nó pudi tchiga eleições más forte”.

Com mensagens fortes, outros preferem salientar o facto de um dirigente do partido, funcionário internacional, aceitar entrar nesse desafio. “É sinal de que Dahaba nunca virou costas ao partido”, comentou.

Nos discursos, Pedro Djatá, secretário do Partido disse na sua intervenção que, a Região ficou grato à Abubacar Demba Dahaba, porque várias razões: a primeira, é que não sendo natural da região, decidiu eleger Quinará como seu bastião político. A segunda, os apoios e reabilitação a estruturas do partido. Perante tudo isso, pediu aos delegados do VIII Congresso para votarem em Dahaba, tal como fizeram com o falecido Issuf Sanhá, que trocou Bafatá por Quinará e depois foi eleito deputado. “Dahaba depois dessa ligação com a nossa região, fez coisas importantes para o partido. É prova de que vai fazer. Mas o mais importante, é apostarmos nele para que nos reorganize o partido”. Na parte final da sua curta intervenção, fez referência a eficácia do voto. Pediu ao candidato para que fique tranquilo, porque a região de Quinará normalmente surpreende em termos de voto.

 

“Estou cá, porque sou defensor da separação dos poderes”, Alamara Nhassé

Das várias personalidades presentes no acto, uma das atracções foi sem dúvidas, Alamara N’Tchia Nhassé. Ele que parecia estar ao lado dos veteranos, disse ter marcado presença em Buba e para “dar força a Dahaba”, porque é defensor da separação dos poderes. “A minha presença aqui, não é casual. Estou cá, porque sou defensor da separação dos poderes no país e no PAIGC em particular. O PAIGC precisa de ter pessoas nas estruturas capazes de prestar contas aos seus dirigentes e militantes. E por sermos defensores da separação dos poderes, achamos que alguns órgãos devem ser eleitos de forma secreta”, considerou.

A título de exemplo da importância da separação de poderes e da prestação de contas, Alamara Nhassé assegurou que hoje, ninguém no PAIGC sabe como é que as contas do partido foram geridos nos últimos anos. “Por isso, digo aos meus colegas que, aqueles que estão a opor-se a separação dos poderes têm outras intensões. Se não tiverem, iriam aceitar. Por isso, apelo aos delegados ao Congresso, para que não hesitem em apostar neste projecto de separação de poderes liderado por alguém que já deu provas de competência e honestidade”, elogiou.

As intervenções não foram tantas e muitos estavam com muita ansiedade de ouvir a mensagem de Dahaba. Ao lado da esposa, Dahaba começou por justificar a decisão de avançar para o desafio e resumiu tudo na necessidade de ajudar o partido e participar na construção do país. Demba Dahaba fez um historial como partido libertador, as etapas percorridas no desenvolvimento e em resumo disse que, mesmo não atingindo plenamente os objectivos traçados, reconhece que algo foi feito. Contudo, acha que o partido continua a ter dificuldades, porque os seus dirigentes têm desviado de certos princípios. “O PAIGC foi conduzido para a luta, através do seu fundador. Hoje, se Cabral estivesse vivo e olhar para o nosso nível de desenvolvimento, certamente que diria não valia a pena ir a luta. Porquê? Porque a luta era para ser independente e desenvolvido. Hoje isso não é realidade, porque os princípios que nos levaram a luta estão a ser desviados. Desviados por alguns cidadãos, mas sobretudo por nós do PAIGC. Daí, a pertinência da minha candidatura para mudar o rumo de acontecimentos no PAIGC e para o país em geral”, justificou.

Olhando pelo passado, ele que é fruto do PAIGC, diz reconhecer as obras realizadas, até porque os combatentes, para além de respeito, devem servir de fonte de inspiração para o progresso.

 

“Do que é que o PAIGC e o país precisam?”

Sossego e paz. Esta foi a curta resposta que Abubacar Demba Dahaba apresentou para fazer face aos problemas do PAIGC e da Guiné-Bissau. Segundo ele, a paz e tranquilidade de que necessita na Guiné-Bissau dependem fundamentalmente do sucesso e tranquilidade no PAIGC. “O PAIGC precisa de tranquilidade. Mas a tranquilidade, o bem que pretendemos para o nosso partido, tem de ser objecto de reflexão. Que PAIGC queremos? Nós, neste projecto, já reflectimos e chegamos a conclusão que precisamos de um PAIGC unido, democrático, tranquilo, com poderes separados. Um partido que deve ter estatutos capazes de evitar-lhe os problemas. Os problemas do PAIGC estão ligados aos Estatutos. São bastante centralizados. E o que pode mudar, é quando descentralizarmos. Estes estatutos precisam de ser mudados. E aqui, pedimos a todos os militantes que nos apoiem para fazermos a mudança necessária”, defendeu.

Sem indirectas, Abubacar Demba Dahaba não quer culpabilizar ninguém do Estado que histo chegou no PAIGC. “Não vou dizer que aqueles que dirigiram o partido é que usurparam tudo não. Digo que foram os nossos estatutos é que deram poderes a todos eles. E quando o homem tem todos os poderes, certamente que pode vir a ser levado por aquele caminho inadequado. É exactamente isso que aconteceu ao PAIGC. Os Estatutos deram todos os poderes a única pessoa e aconteceu aquilo que todos condenaram depois. Por isso, o nosso Projecto de candidatura quer mudar tudo isso. Mas a mudança passa pela revisão de Estatutos que vão definir claramente a missão do Presidente e do Secretário nacional”.

Convicto de que a centralização demasiada dos poderes é responsável pelos problemas antagónicos no PAIGC, Demba Dahaba compreendeu igualmente que os problemas aparecem no partido, porque a distribuição do colectivo não tem sido justa. “A distribuição de tudo aquilo que é colectivo, deve ser de forma justa. E isso não tem acontecido. E quando há injustiça, os problemas aparecem. A distribuição dos poderes no PAIGC não é justa. Mas há quem tenta dizer o contrário. Mostra que o PAIGC tem Comité Central; tem Bureau Político; tem Comissão Permanente; tem Conselho Nacional de Jurisdição e demais outros órgãos. Mas infelizmente essas mesmas pessoas esquecem-se de dizer que todos estes órgãos são presididos pela mesma pessoa que é o presidente. É aqui que está a injustiça e a falta de eficiência no funcionamento do partido”.

Problema identificado, a hora de meter mãos a obra. O anunciado candidato não fartou de alertar aos dirigentes e simpatizantes do PAIGC que o partido não pode ter sossego “se esta situação prevalecer”.

Para além da eficácia e eficiência que se pretende para o PAIGC com a separação dos poderes, o outro objectivo é a prestação de contas. Aos dirigentes, militantes e simpatizantes do PAIGC, Abubacar Demba Dahaba defende um Primeiro-ministro a ser escolhido pelo Comité Central, mas que depois vai prestar contas ao partido e ANP. “As pessoas não querem prestação de contas, não querem que lhes seja feita nada de controlo. Isso estranha-nos bastante. Quem não quer ser rico, de facto, não pode temer o controlo. Infelizmente ouvimos alguns dos nossos colegas a defenderem o contrário, porque querem ser o todo poderoso.