A reacção do G7 que apoia a candidatura de Abubacar Demba
Dahaba surgiu dias depois do Conselho de Verificação e de Jurisdição do Partido
ter suspendido as assembleias sectoriais em algumas zonas do país devido as
impugnações, mas principalmente o facto de certas candidaturas, terem
manifestado vitoriosos nas conferências sectoriais.
O assunto acabou por ser tema de começada da conversa com os
Jornalistas, e Abel da Silva considerou aquele procedimento de inédito, mas
demonstrativo de insuficiência estratégica dos seus futuros adversários. “É
Verdade que neste momento estamos a preparar a realização do Congresso através
da realização das conferências de base, secções e sectoriais. Estão a serem mal
realizadas. Estamos a assistir comportamentos por parte das pessoas que alegam quererem
liderar o partido, totalmente antagónicos a forma de funcionar do PAIGC. O
nosso desejo é ter um PAIGC unido e forte para vencer as eleições”, afirmou.
Nas suas declarações, Abel da Silva foi peremptório a
afirmar que, a forma como alguns pretensos candidatos estão a comportar, está a
empurrar o partido para um perigo. “Não estamos aqui para condenar ninguém. O
que queremos é advertir as pessoas para assumirmos um rumo certo. E rumo certo
é proceder com normas que ajudam o partido e não assumir comportamentos que
acabam por prejudicar-nos a todos”, alertou.
Os comportamentos inadequados, segundo ele, são aliciamentos
verificados em algumas conferências, tanto nas bases, secções e sectores. “Mas
o mais grave de tudo isso, é a publicação de resultados a favor de alguns
projectos políticos que visam concorrer no congresso. Estão estranhamente a comportar
como se estivéssemos nas legislativas ou nas autarquias! Uns dizem que
conquistaram 32 Comissões Políticas, outros 25. Mas afinal, quantos sectores
temos no país”, questionou. Ele que fez questão de responder a sua pergunta
afirmando que existem apenas 44 sectores, não hesitou em afirmar que os seus
opositores estão a desinformar e a enganar os militantes. “Desinformação começa
nos números que avançar. E nas suas contas, em vez de 44, temos 57 sectores.
Isso é falso”, qualificou, aconselhando os elementos de outros projectos a
deixarem de falsificar os dados. “É bom que as pessoas digam verdade aos
militantes. Temos que ser realistas com cenários existentes. Quem engana os
militantes, vai sem dúvidas enganar o povo amanhã”, insistiu.
Conforme os membros do projecto G7, está em curso uma
campanha publicista jamais vista no PAIGC. “Se na verdade são verdadeiros
militantes, é bom que pautem pelo sistema interno do partido. Divulgação dos
resultados, é sinal de que, as zonas que eles consideraram como não apoiantes
serão excluídas depois por aquele projecto de candidatura. E isso é mau para o
PAIGC”.
Da Silva aproveitou para esclarecer a aqueles que assumiram
a essas atitudes que, não estão a ajudar, sobretudo naquilo que é colectivo.
“As comissões políticas não são dos candidatos. São do PAIGC. E PAIGC não é de
ninguém. É um projecto dos seus militantes. E quando e quando se faz conotação
dos resultados com pessoas, é porque estamos perante um perigo. Mas, o mais
grave é que os resultados são falsos. Porque existem outros projectos. Existe o
G7 e a Plataforma. Querem dizer que estes são zero? Não conquistaram nada?”,
perguntou, repetindo o apelo de todos deixarem de dar dados falsos aos
militantes e ao povo.
Numa outra denúncia, Abel da Silva revelou terem informações
de que existem pessoas a fomentar o tribalismo nessas candidaturas. “Isso é
extremamente perigoso. Porquê é que vamos fomentar candidaturas nas bases,
secções e sectores com argumentos tribais. Queremos chamar atenção aos nossos
dirigentes que estão a fazer ou a patrocinar este trabalho de desinformação
para não rebentarem com o PAIGC”.
O primeiro mal que estas atitudes causou ao partido na visão
de Abel da Silva, são as impugnações que deram entrada no Conselho Nacional de
Jurisdição. Nas suas explicações, o problema aconteceu exactamente através dos
métodos de votos. Braços levantados. Na opinião de Abel, quem aliciou os
militantes vai exigir braços levantados para ter a certeza se quem tomou o
dinheiro votou. “O que queremos que a direcção do partido faça é colocar urnas
lá onde devem estar. Isso é que queremos”, sublinhou, porque é a única forma de
fazer um trabalho transparente e evitar a contradição entre os militantes.
“O Comité Central
aprovou a descentralização de poderes. Porque razão resistir”
No que diz respeito ao último Comité Central e as decisões
nele saídas, Abel da Silva começou por esclarecer que, estava-se perante o
artigo 106, nº 2 que diz que em todos os Congressos ordinários os Estatutos
devem ser revistos. “No Bureau Político e no Comité Central, todos os
militantes do PAIGC que nele participaram sentiram uma tendência para a revisão
dos Estatutos e para a Separação de poderes. E como se isso não bastasse, a
Direcção do partido decidiu chamar os pretensos candidatos (não são candidatos,
porque ainda não obedeceram o artº 36, nº 1. Isto é serem legitimados pelo CNJ
do partido. É ele que analisa, perfil e critérios) para um encontro onde
assinaram um compromisso. Qual é o compromisso? Todos aceitaram que os Estatutos
devem ser revistos. Todos aceitaram que devemos separar os poderes na lógica de
descentralização e desconcentração numa só figura. Todos aqueles que pretendem
candidatar assinaram. Só que depois de saírem da sala consideraram que aquela
assinatura não presta. É uma atitude intolerável, porque se ganharem depois,
não vão respeitar os compromissos”, condenou Abel da Silva.
No entender de Abel da Silva, certos pretensos candidatos
estão com o problema de coerência, dignidade e responsabilidade. “Isto nos
preocupa bastante e leva-nos a alertar aos nossos camaradas para estarem com
muita atenção sobre a forma como as pessoas estão a proceder. Quem quer a
liderança, tem de ser uma pessoa com muita idoneidade. O que está a acontecer é
triste, porque certas pessoas, certos pretensos candidatos assinaram um
documento e não querem respeitá-lo”, denunciou.
"Se não adotarmos bons Estatutos, não restam dúvidas que certas pessoas vão pretender ser donos do PAIGC"
Da Silva não concordou com as vozes que alegam que o
problema do PAIGC não está nos Estatutos. Advertiu que, quando os Estatutos dão
todos os poderes a uma pessoa, porque mais que não queira, acaba por concentrar
tudo. “Todos nós já ouvimos da boca dos juristas que, más leis facilitam
conflitos. E se continuarmos com os Estatutos tal como estão, não restam
dúvidas que teremos problemas. Nos estatutos actuais, o presidente preside
todos os órgãos, Comité Central, Bureau Político e demais outros. Até no
Conselho de Jurisdição tem poderes. O secretariado Nacional é presidido pelo
Presidente do Partido e o secretário não passa de um menino de mandado. As suas
ideias não são tidas em nada. Digam-me uma coisa: nestas condições, quem pode
resistir?”, indagou.
Conforme ele, na descentralização dos poderes que se quer
para o PAIGC, o presidente deve ficar apenas nos órgãos onde se deve prestar as
contas. O Bureau Político e o Comité Central. “E nesta óptica, o Secretário
Nacional seria máquina do partido, e presta contas aos órgãos que estávamos a
referir. Se o PAIGC ganhar as eleições, ele também pode concorrer ao cargo de
Primeiro-ministro e posteriormente prestar as contas. Isso é que defendemos no
G7. Mas hoje, não compreendemos, do quê é que as pessoas têm medo. Desafiamos
hoje a todos aqueles que querem ser Primeiro-ministro apoiado pelo PAIGC que
aceitem ir as funções de Secretário Nacional para depois poderem prestar
contas”, exclamou, Abel da Silva.
O porta-voz do Grupo 7, numa clara indirecta aos restantes
pretensos candidatos disse que se na verdade não dispõem de segundas intenções
ou servir-se do partido, não devem temer nada. “Sabemos claramente do quê é que
as pessoas temem: Prestação de contas. Alguns dos pretensos candidatos estão a
opor-se a separação de poderes, porque querem ser todo-poderoso no partido”,
acusou, acrescentando que alguns deles querem ser donos do PAIGC. “Não
permitamos nunca mais que alguém seja dono do PAIGC. Mas para que o PAIGC não
tenha dono, nós devemos criar estrutura para tal”, aconselhou Abel da Silva.
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